segunda-feira, 17 de junho de 2013

PODE SER A GOTA D'ÁGUA

Confesso que, quando começaram os protestos em São Paulo contra o aumento das passagens de ônibus e Metrô me posicionei contra estes movimentos que param cidades e prejudicam milhões de pessoas. Mas, em conversas que tive, em mensagens recebidas pelas redes sociais e outros "inputs" acerca dos acontecimentos, fui mudando minha opinião sobre o assunto e, aos poucos entendendo algumas coisas, mesmo que sejam as mais óbvias.
 
1) Estou ficando velho. E como quase todas as pessoas que envelhecem, também perdem um pouco o viço da luta e busca viver mais em harmonia em menos em conflito. Mas, isto não está certo, pois viver em harmonia não é isentar-se da luta e sim engajar-se nela e fazer que ela seja o mais harmônica possível. Por isso fui, a princípio, contra o movimento que provocou enormes transtornos à cidade. E isto nos leva ao segundo ponto.
 
2) Não há manifestação sem transtorno. Imaginem estes protesto realizados no Sambódromo??? Teria o mesmo peso??? Teria a mesma cobertura da mídia ou a mesma repercussão??? Claro que não. Protestos são para incomodar o poder público e as pessoas ao redor para que se posicionem. Ou contra ou a favor, não importa. Mas, por favor, se posicionem. É claro que incomodar é absolutamente diferente de vandalizar. Que houve excessos de todos os lados, não há dúvida, mas é um efeito colateral. Faz parte de toda espécie de movimento desta ordem. Como diz a música dos Paralamas do Sucesso:
 
A polícia apresenta suas armas, escudos transparentes, cacetetes, capacetes reluzentes e a determinação de manter tudo em seu lugar.
O governo apresenta suas armas discurso reticente, novidade inconsistente e a liberdade cai por terra aos pés de um filme de Godard.
A cidade apresenta suas armas meninos nos sinais, mendigos pelos cantos e o espanto está nos olhos de quem vê o monstro a se criar.
 
E isto nos leva ao terceiro ponto
 
3) Será que são mesmo os R$ 0,20 que estão em cheque, ou esta foi a gota d'água? Sim, porque ao longo de décadas estamos vendo o desmando de "autoridades" do legislativo, executivo e judiciário deitarem e rolarem no dinheiro público com a mais absoluta impunidade, a ponto de quem foi condenado ao mensalão ainda não estar cumprindo pena. A má versasão do dinheiro público, promessas não cumpridas, a saúde, a educação e a segurança pública deteriorada enfim um estado de coisas que vai corroendo a paciência de um povo que, segundo dizem, tem uma índole pacífica. O Brasileiro não briga pelos seus direitos, afirmam. Mas será? Aproveito para citar os versos de Chico Buarque:
 
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água...
 
E pode ter sido mesmo. Ou pelo menos espero. Porque estamos cheios, eu pelo menos estou, de ver como as coisas estão e ver o gigante acordar de uma vez ao invés de ficar
 
Deitado eternamente em berço explendido
Ao som do mar e a luz do céu profundo.
 
Assumirmos a seguinte postura que está no mesmo hino;
 
Mas, se ergue da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta

Nem teme quem te adora a própria morte.

FUTEBOL E ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL

Mesmo que não é fã de futebol deve estar ciente que estão sendo disputadas as semifinais da Copa de Campeões da Europa, o maior torneio de clubes do mundo e o mais competitivo. Para aqueles que não acompanham as partidas estão sendo disputadas na seguinte ordem:
 
Real Madrid X Borussia Dortmund
Barcelona X Bayern de Munique
 
Independente de quem venha a ganhar os jogos e o campeonato, o que quero chamar a atenção é sobre uma grande "coincidência" que está ocorrendo nestas partidas. Os times envolvidos são da Espanha e da Alemanha, que, "coincidentemente", são as duas seleções melhor rankeadas nos critérios da FIFA ocupando a primeira e a segunda colocações.
 
Esta "coincidência" a que estou me referindo reflete o pensamento dos clubes europeus que, de longe estão se tornando superiores e desbancando os tradicionais "Rei do Futebol" como sempre fomos considerados. E este pensamento passa, na minha análise, por uma profunda mudança na estrutura profissional de seus clubes.
 
Em primeiro lugar, o cliente (torcida) tem que estar satisfeito, não apenas em torcer para um time campeão, mas de poder assistir partidas de nível técnico acima da média. Com isso o torcedor lota os estádios com públicos que ultrapassam a casa dos 80.000 expectadores pagando ingressos que não são baratos (segundo eu soube o menor preço é de 70 Euros, ainda porque o pessoal resolver abaixar os preços por causa da crise na Europa), pois o público paga alto para poder ver estrelas e um espetáculo de alto nível.
 
Segundo, para que isto possa ser conseguido, há de se investir e talentos, quer seja criando-os, investindo nas categorias de base, ou comprando-os a peso de ouro. Haja vista o quanto se especula sobre a ida do Neymar para a Europa.
 
Em terceiro lugar, não adianta de nada conseguir talentos individuais se estes craques não podem ser combinados e transformados em uma equipe. Por isso, os clubes europeus de ponta tem convênios com universidades para a preparação e reclicagem de seus técnicos que, além de conhecerem futebol, devem ser bons também em gestão de pessoas.
 
Para finalizar, os diretores desses clubes devem, e eu digo devem porque não conheço, ser um tipo diferenciado de profissional, pois eles são menos estrelas de que seus jogadores e não vivem na mídia dando declarações e "causando" de alguma espécie.
 
A soma destes fatores leva ao sucesso. Quer seja como equipe, quer seja como país. No futebol.
 
Será que se pegarmos estes passos que descrevi acima e transplantarmos para as empresas e os governos a coisa funcionaria?
 
Se as empresas (e os governos) tivessem o foco de satisfazer as expectativas de seus clientes e investissem, ou desenvolvessem, talentos que pudessem fazer a diferença, desenvolvessem um modelo de gestão que desse prioridade a formação de equipes competitivas e tivessem diretores (ou presidentes) que agissem como verdadeiros maestros destas orquestras de sucesso, o que aconteceria com a economia do país:
 
E com o governo???
 
Mas, alguns dirão, as empresas já procuram fazer isto.
 
Procuram..... mas conseguem?????
 

É só procurar no PROCON e no RECLAME AQUI para ver o RANKING como anda.